quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Enquanto o amor não nos alcança

Sabe quando você termina de ler um livro e uma passagem em especial não sai da sua cabeça? Pois é, isso acabou de acontecer comigo. Foi com o Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel Garcia Marquez. A passagem é a seguinte: "O sexo é para a gente o consolo enquanto o amor não nos alcança."

Bem, agora deixa eu explicar o contexto em que a frase foi dita. Em primeiro lugar, quem a disse foi o personagem principal, um jornalista de 90 anos que não havia se apaixonado antes de chegar à sua nonagésima década, em um diálogo com uma das putas, que dão nome ao título do romance.

E me deixou intrigada. Achei de uma simplicidade, mas que resume muito bem os relacionamentos superficiais aos quais nossa geração aceita tão facilmente. E uma pergunta ficou no ar: "o que está faltando para que o amor nos alcance?"

Tenho uma amiga que vive repetindo: "2009 será o ano do amor!" Não sei onde ela ouviu isso, mas para ela é como um mantra. Não somente ela, mas ouço muito de amigos e amigas coisas do tipo "quero me apaixonar", "cansei de mulheres (ou homens) que não querem nada sério", "não é isso que quero pra mim" (referindo-se a festas do tipo carnaval em Salvador ou uma ida a qualquer pub da cidade). Tudo isso para dizer que sim, nós desejamos o amor, mas o que está faltando para permitirmos ele em nossas vidas?

Será que é a lei do menor esforço também está valendo para os relacionamentos? Será mais fácil manter relacionamentos baseados em sexo, com o mínimo de envolvimento possível, porque esta é uma opção que "dá menos trabalho"?!

Sim, porque gostar de alguém, amar uma pessoa, implica em uma série de responsabilidades. Em primeiro lugar, nossa sociedade prevê que sejamos monogâmicos. Então, o primeiro esforço é manter-se fiel. Segundo, se você gosta, você se importa. Se você se importa, você vai gastar um tempo que seria dedicado a você para outra pessoa. E nem todo mundo concorda em abrir mão disso ou está preparado para isso (especialmente as ex-boazinhas). Terceiro, se envolver com alguém significa derrubar barreiras, desconstituir-se de suas máscaras, ser verdadeiro. Isso tudo não é tarefa fácil.

Queria concluir, mas ainda não tenho a resposta para "porque o amor não nos alcança?". Mas ainda espero ouvir o click quando ele, enfim, guerreiro que é, me alcançar...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sou mais feliz na Bahia!!!!

Véspera de Carnaval! Estou na sala de embarque do aeroporto de Congonhas, ouço a chamada para o voo Gol-Varig, um número qualquer, com destino a Porto Seguro e Salvador e me lembro: mais pessoas estão indo ser felizes na Bahia!

Isso começou no ano passado. Cheguei de Porto Seguro, depois do carnaval, com uma tatuagem de henna nas costas que dizia: "Je suis née pour être heureuse" (nasci pra ser feliz) e com a idéia fixa de que faria uma permanente.

Bem, a vontade de fazer a tatuagem passou. Mas a conclusão de que sou mais feliz na Bahia, isso sim permanece e não importa em que época eu esteja na Bahia!

Não sei ainda explicar o que ocorre comigo na Bahia e em especial em Salvador!!! No ano passado, estive lá por duas vezes e essa sensação de ser mais feliz me acompanha desde o momento em que coloco meus pés no aeroporto. Não sei. Pode ser o mar, a orla, os acarajés, as moquecas, a hospitalidade dos baianos, que só faltam te carregar no colo (se bobear, alguns carregam mesmo)! Não sei.

Mas suspeito que no carnaval essa sensação será potencializada. Desembarco no Luís Eduardo Magalhães na sexta de manhã! Aí, poderei incluir à lista: a alegria da cidade, as músicas que não te deixam ficar quieta, os amigos que encontrarei por lá, as idas atrás do trio, as pessoas de todo lugar do mundo que também vão estar lá. É uma sensação de liberdade, de que tudo o que importa na vida é ser... feliz!

Quer entrar no clima também? Então confira: http://www.youtube.com/watch?v=qBvW1ejsE2I

Até a volta!!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pior vontade

Cinco horas da manhã. Para variar, mais uma semana que inicia e meu relógio biológico não reconhece uma segunda-feira. Daqui a pouco terei que estar no trabalho, com os neurônios a mil. Mas o que meus colegas irão testemunhar é uma Adriana pela metade, sonhando estar em casa, curtindo sua cama!

Bem, ainda não sei ao certo o que irei escrever. Mas hoje foi um dia atípico. Passei o dia pensando em escrever sobre o que aconteceu na madrugada de sábado. Ei, não se enganem, não vou relatar aqui o aconteceu. Talvez escreva sobre os sentimentos que o fato trouxe à tona.

Acabei de ler algo interessante, uma crônica da Martha Medeiros, em que ela cita Clarice Lispector, ao descrever Ana, uma personagem que bem poderia se enquadrar no conceito de boazinha por mim descrito anteriormente (ok, pretensão demais minha, mas não vou alterar). Ana, após se deparar com um cego, toma consciência de que o seu mundo é muito pequeno, e que há muito mais do lado de fora de sua casa, com seu marido e filhos. E, nesse momento, Lispector descreve: " Seu coração se enchera com a pior vontade de viver" (do conto Amor, do livro Laços de Família, disponível em http://www.releituras.com/clispector_menu.asp).

Há tempos meu coração se enchera com a pior vontade de viver. Uma vontade de não fazer igual a todo mundo. Em me permitir assumir riscos, viver sem temer a altura do tombo. E acho que foi isso que aconteceu na madrugada de sábado.

Hoje estou inquieta, pois algumas coisas saíram do lugar e isso incomoda. Ao pensar sobre o que aconteceu, lembro de catarse. Num instante, por uma ação irracional, você muda o curso e as coisas não são mais como eram antes. Mas catarse também se refere a sair de um estado de graça para um de desgraça. Mas o que seria da vida se não houvesse os dramas?

Para ser sincera, estou percebendo que adoro dramas! Não só no sentido que todo mundo conhece, do tipo "Ela adora fazer drama", mas no sentido de permitir a efemeridade da vida - a constância não me agrada. Eu poderia ter evitado muita coisa, caso assumisse a postura: "conversamos depois", mas que graça tem nisso? Teria evitado sofrimento, mas não estaria escrevendo minha história.

Ok, sei que deixei muito pontos de interrogação nesse texto. Afinal de contas, estou falando de que? Mas quer saber, o resto fica só para mim e meu diário.