terça-feira, 5 de maio de 2009

Eta vida besta!

Férias. Interior do Mato Grosso. A cidade, como dizia Drummond:

"Cidadezinha qualquer

Casa entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus."


E de tão besta, estou sem assunto para o blog...

Por isso, resolvi contar uma história de fazenda. E notem, verídica.


Visita muito estranha

Sexta-feira. Dia de faxina na Fazenda Santa Luzia. E daquelas faxinas em que se tira tudo do lugar. O fato ocorreu no momento de colocar as coisas no seu lugar novamente. Os personagens: meu pai, minha mãe, minha irmã e uma mochila preta.

Era fim de tarde, quase anoitecendo. Minha mãe e minha irmã reclamando da fumaça trazida pelo vento e causada por um desavisado que queimou as folhas secas dos eucalitos que cercam a fazenda. Desavisado porque não sabe que a natureza tudo aproveita, inclusive as folhas secas.

Minha mãe, recolocando tudo no lugar, pega a tal mochila preta, que estava na cozinha, esperando por um lugar apropriado. Ao levá-la para fora, sente que está mais pesada de quando a colocou lá. Curiosa, claro, precisa checar o que há dentro da mochila. É quando ouvem-se gritos "sem voz", se é que isso é possível.

Minha irmã corre para acudir. Minha mãe, apavorada, mal consegue falar: "uma cobra!".

Muito rapidamente, surge o herói da história: meu pai. Com um pedaço de pau, ele dá fim à uma jararaca de um metro e meio de comprimento, que fugindo do fogo e da fumaça, encontrou um esconderijo dentro de casa.

E eu, que cheguei à fazenda um dia após o acontecimento, relembro a infância e toda noite imagino uma jararaca escondida embaixo da cama*. Em tempo: quando era criança, embaixo da minha cama existia um jacaré, mas, diferente da cobra, não sei como ele havia parado lá.


*ai de quem deixar comentários maliciosos sobre isso.

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