A crônica do livro chama-se A Fruteira. Pelo título, você não imagina as palavras que encontrará nela. Mas logo ela te encanta. Fala de abandonar as cicatrizes. Que cicatrizes estão lá não para mostrar o quanto se sofreu, mas para nos fazer ver que nossas feridas são curadas. E que não mexamos em feridas abertas - elas infeccionam quando fazemos isso.
E com essa metáfora, ele parte para as outras dores da vida: "Não faço turismo em minhas dores. Nem convido os outros a sofrer de novo comigo, como se fosse uma espécie de justiça o outro penar o mesmo que eu".
E faz a gente se perguntar: Quantas vezes já fiz turismo nas minhas dores? Por que gastamos energia relembrando coisas ruins? Quantas vezes lembramos mais das mágoas do que das alegrias?
Pra me lembrar de coisas boas, recentemente espalhei muitos porta-retratos pela minha casa. Fotos de momentos felizes, com pessoas alegres, celebrando a vida. E é ótimo, toda noite, antes de dormir, dar uma última olhada nelas, sorrir com os rostos alegres que vejo, e saber que sim, a vida vale muito a pena.
Fiz isso também com as fotografias daquela viagem dos sonhos. Estão todas num álbum bem acessível, ao lado da TV.
Voltando a Carpinejar: "Não contabilizarei o que não consegui e o que me falta. Não amaldiçoarei um relacionamento que não me ofereceu o que eu esperava, não cobrarei a juventude que doei a alguém, não justificarei rupturas e fracassos".
E isso me remete à parede da minha cozinha. Calma, vou explicar. Tenho uma pequena lousa branca na cozinha, que deixo pensamentos que quero internalizar. E atualmente lá está escrito: "Prefiro olhar pra frente e sonhar a olhar para trás e sentir arrependimento" (ditado anônimo).
Tudo isso pra dizer que carregamos conosco tudo o que vivemos até agora. Mas somos nós que decidimos o peso que daremos a cada vivência. Nada apaga o passado, mas como você se relaciona com ele está aqui no presente. Para as coisas ruins, já aprendi que não basta simplesmente deixar prá lá. Seu ego não conhece a tecla DEL e quanto menos espera, tudo se escancara novamente na sua frente.
Então, deixei de brigar com lembranças ruins. Entendo que elas fazem parte de quem sou hoje. Quando elas aparecem, não as ignoro. Mas não deixo elas se demorarem. Rapidinho mudo a direção do pensamento e me concentro nas coisas boas. É um exercício que requer prática, mas que funciona muito bem.
Ah, e quem quiser viajar mais como eu, lendo Carpinejar, pode visitar o seu blog.
Beijinhos a todos!
Ah... Amores antigos, não se preocupem... meu coração é gigante... tem lugar para Zeca, Martha, Fabrício, Gadú, Liz e todos meus outros preferidos...